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16 de fevereiro de 2012

OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES: PODEROSO E INSTIGANTE!

Karl Stig-Erland Larsson ou Stieg Larsson escritor e jornalista sueco, nos deixou em 2004 vítima de infarto. Apesar da perda irreparável deixou um legado: a trilogia "Millenium" cujo primeiro filme "Os Homens que não amavam as mulheres" acaba de ter a sua versão americana dirigida por David  Fincher. A versão sueca anterior à americana e dirigida por Niels Arden Oplev é um belo trabalho, valorizando o lado cru e sombrio, enquanto Fincher desde a abertura dá o seu andamento a um filme adrenalítico, usando a própria Estocolmo como locação original.


A história corre em paralelo com a trajetória de Mikael Blomkvist, jornalista econômico sofrendo um processo de difamação e vivido por um Daniel Craig na medida certa e que acaba sendo contratado por um milionário sueco, Henrik Vanger, o competente Christopher Plummer para descobrir o misterioso desaparecimento de sua sobrinha, Harriet quatro décadas atrás e que tem como principais suspeitos todo o clã numeroso e principalmente interessado em herdar a imensa fortuna, destinada a Harriet.


Do outro lado da moeda chega o furacão Lisbeth Salander,vivida por Rooney Mara indicada ao "Oscar" de melhor atriz e com uma composição e atuação acima dos padrões normais. Lisbeth apesar de competente, para dizer o mínimo e disfarçar sua genialidade é incapaz de gerir sua própria vida. Vive à mercê de tutores devido a um acontecimento trágico do passado, que a coloca como um perigo à sociedade e a ela mesma, pela sua conduta ao mesmo tempo violenta e auto-destrutiva.



O caminho destes dois personagens acabam se cruzando com suas diferentes formas de investigação. Juntos trilham caminhos diferentes, pois enquanto Mikael exercita a sua porção jornalística e se instala na ilha da família, Lisbeth corre por fora com seu talento como hacker, sua experiência nas ruas, sua inabilidade em viver socialmente e sua perícia investigativa brilhante. Para isso contribuem uma montagem excelente e uma fotografia de Jeff Cronenweth, nada menos do que impactante. O roteiro de Steve Zaillian dispensa comentários, enxuto, consegue navegar por vários cursos sem perder o rumo um segundo que seja.



O elenco aposta no talento de Craig e sua aparente fragilidade, Christopher Plummer e Stellan Skarsgard com seus mistérios imprimem mais curiosidade ao mistério, mas é Rooney Mara a razão de ser do filme. Sua Lisbeth é única e não se apoia em nenhuma caricatura. Original do início ao fim vai mostrando as camadas de uma personagem atormentada por um passado sombrio e descrente do ser humano, que aos poucos começa a sentir em Mikael um homem confiável, íntegro. As investigações vão enveredando por um terreno cada vez mais perigoso, mostrando uma série de assassinatos de mulheres correndo em paralelo e que podem ter ou não a ver com o mistério da família Vanger.



O filme desmistifica a cartilha habitual: refilmagem é apenas um caça níquel. O talento de todos os envolvidos nos presenteia com um filme instigante e que desde a abertura belíssima, com um cover de "Immigrant Song" do Led Zeppelin, na voz de karen O, impressiona pela qualidade e pela soma de todos os talentos envolvidos. Altamente recomendável!!

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