As delícias da amizade, anos e anos dividindo segredos, sempre apoiando e encobrindo as trapalhadas daquele que está sempre ao seu lado. A descoberta do primeiro amor, a paixão escandalosa e proibida, fumar escondido no banheiro da escola, matar aula juntos para ir ao cinema, mandar cartas anônimas para aquela professora gata cuja matéria ninguém lembra mais.
A primeira transa, o tabu, perder a virgindade. Poderia ser ou não especial, ser ou não com o cara certo, mas a certeza de poder contar com o apoio da melhor amiga, para revelar todas as sensações, todo o estranhamento da relação, era certeza absoluta, afinal tinha sido um pouco esquisito, não houve nada demais nem sinos, nem desfalecimento, nenhuma banda de música ao fundo, só o arfar constante, tudo muito rápido e a dor,esta sim incômoda e inesperada.
Uma relação de amizade entre duas jovens descobrindo a vida, nada tem de parecido com a relação de amizade entre duas mulheres adultas, que já se conheceram recentemente e cujo namorado de uma delas além de ser atlético, inteligente, bem sucedido é um tremendo garanhão e não perdoa quem atravessa o seu caminho, mesmo sendo amiga da namorada, irmã, prima, filha ou seja lá quem for que tenha o que lhe interessa; muito sexo e discrição.
O jogo fica mais interessante, quão mais perigoso ele se torna. Os encontros secretos aos poucos começam a se tornar monótonos, perdem a graça, aliás ficar se escondendo todo o tempo, só pra não magoar uma pessoa que está sendo feita de idiota, é um porre. Correr alguns riscos torna a coisa mais excitante e a cada passo, a sensação de aventura, desejo e a proximidade cada vez maior de serem pegos, faz toda a situação parecer de uma adrenalina total, realmente o máximo.
Vamos esclarecer que o privilégio não pertence a nenhum grupo em especial. O ser humano está disposto a correr riscos a seu bel prazer. O maridão que gosta de sair com garotos mais jovens e mantém seu belo casamento como um porto seguro. A mulher insatisfeita depois de anos de um casamento, já sem o fogo da paixão, encontrando outro ombro amigo, ou amiga para chorar as mágoas. Isso ela não considera traição, já que ela já está por sua própria conta e abandonada há muito tempo, está invisível.
Portanto não há limites ou algum tipo de ética, quando o prazer, a curiosidade, o tesão e a vontade de dar uma escapulida estão envolvidos. O perdão, ah.. esse é outro problema nunca muito bem resolvido. Ou se perdoa e fica se jogando na cara do outro a cada cinco minutos, ou arma-se um barraco para depois ficarem juntos novamente, fingindo que nada aconteceu, mas esperando a primeira oportunidade para dar o troco. Em alguns casos coloca-se uma pá de cal por cima e todo mundo finge que não sabe, se for assim prepare-se para os mexericos de fim de festa, coisa fácil de lidar.
Dizem que amar, ser fiel, dividir a vida com alguém requer certos sacrifícios, talvez um deles seja o exercício do bem viver, da paciência, da tolerância ou até mesmo de dividir com o ser amado todos os seus fetiches, fazendo com que todos participem e ninguém seja feito de bobo. Ao embarcar nesta jornada há de se ter o cuidado para não fingir um liberalismo inexistente, pois na hora H, a barra pode pesar e aí tudo vai por água abaixo do mesmo jeito. Não vale ficar chocado, ter ciúmes ou colocar aquela carranca assustadora. Se foi assuma e aguente, não houve engano, seja adulto e preserve o seu bem mais precioso.
A verdade é: se você ama, perdoa. Se é impossível parta para outra. Se o seu melhor amigo ou amiga está te traindo, descanse, ele nunca foi e nunca será de confiança. No dia em que o amor da sua vida, disser que não te quer mais, tente conversar a respeito e descobrir o motivo. Reverter a situação pode não ser possível, mas pelo menos haverá uma explicação e seja ela qual for, lidar com a verdade é sempre melhor do que simplesmente imaginar o que poderia ter sido. Se chegou ao final, chore e vá até o fundo do poço, quando você voltar de lá será outra pessoa.
O amor é feito de imperfeições, erros, mas também de lealdade e dignidade. Se for se expor ao máximo, aguente o tranco, mas só se valer muito a pena. Sendo assim ignore o mundo e vá viver o que te espera, não se preocupe com a opinião dos outros e boa sorte, a amargura de não ter vivido sua relação até o fim, não será sua companheira e convenhamos, ter alguém só seu nos dias de hoje é uma mega sena, ou você ganha só, ou divide com os outros ou sai perdendo... a questão é: com a velocidade das relações atuais fica um pouco mais difícil ganhar sozinho...
Com muito amor tudo é superado.
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