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25 de fevereiro de 2012

OS DESCENDENTES: UM FILME SIMPLES INCENSADO PELA CRÍTICA.

Alexander Payne é um diretor da safra "independente" do cinema americano. Foi consolidando passo a passo sua carreira com uma assinatura bem autoral. Embora "Sideways"(Entre umas e outras), tenha sido o mais incensado, "Eleição" um duelo entre Reese Whiterspoon e Matthew Broderick pelo controle de uma escola é o mais irônico, inteligente e subestimado de seus filmes.

Quando "Os Descendentes" entrou em circuito, Payne já estava desde 2004 sem um filme no circuito. Isso logo gerou uma movimentação positiva por ser um filme de um diretor simpático, pela sua visão simples de temas muitas vezes complicados. A crítica americana rapidamente começou a sua campanha positiva, já que precisa sempre de um filme fora dos padrões vigentes para indicar como o melhor filme do ano. Já tivemos como exemplos "juno" e "Pequena Miss Sunshine" entre outros. "Os Descendentes" é um bom filme com a marca de um diretor sério, mas nunca a melhor atuação de George Clooney. Ele cumpre com dignidade e algumas vezes de forma patética o papel do pai de família, cuja mesma vive em segundo plano, havendo uma reviravolta quando a esposa fica em coma após um acidente que deixará marcas em todos.




Obviamente a relação com os filhos precisa ser reinventada, ele passa a perseguir o amante da mulher, após o choque de tomar conhecimento da traição pela própria filha.  Este amante é vivido pelo péssimo Matthew Lillard de comédias dos anos 90 e que continua péssimo. O restante do elenco se enquadra perfeitamente  nesta história de um pai que não conhece sua própria família. Robert Forster como sempre muito bom é o sogro e Shailene Woodley dá conta com sinceridade da filha com sinais de rebeldia, mas na verdade segura e com determinação de quem sempre teve uma vida sem a presença paterna.


A parte que fala dos "descendentes" é que poderia ter sido mais aproveitada, já que o personagem de Clooney é o principal responsável pela venda de uma grande parte de terras no Havaí, herança que traria um grande conforto para a numerosa família e que mexe com seus dilemas morais de destruição da natureza. Tudo é muito previsível, de forma calculada a causar emoção, fingindo uma não apelação. Bobagem, acaba ficando muito chato, várias sub-tramas sem que nenhuma se resolva a contento. Resumindo não é tudo isso, há uma grande carga por ser um diretor de inegável talento, porém desta vez Payne trilhou o caminho mais fácil, tentando uma comunicabilidade e uma cumplicidade que logo percebemos está precisando de um pouquinho mais de veracidade.


Vamos esperar pelo próximo filme deste diretor tão hábil em nos surpreender com a sua visão peculiar, quando a  partir de temas simples somos quase forçados a repensar o pior e o  melhor nas atitudes, relações e na simplicidade escondida através da riqueza de ambiguidades dentro do ser humano. Por enquanto com "Os Descendentes" ainda não foi possível, pela quantidade de clichês. Infelizmente eles poderiam ser evitados, tornando o filme menos contemplativo e mais atuante.

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